Mais um trem estaciona. Estou à frente da fila. Mal se abrem as portas, eu me enfio em seu vão. Nem concorro a um banco, tenho minha própria estatística: entre as sardinhas na lata, sempre carece alguém mais. Alvo de vinte anos, meus ossos pouco apanharam, e um canto, um encosto, já aliviam este corpo. Mas então surge um vídeo, não sei se filme ou verdade: vista aérea, um incêndio, tanta floresta indo embora! A dona do celular me olha com a mesma dúvida; ergo as sobrancelhas como quem diz, vai saber... Ela dedilha sua tela, eu olho pro outro lado. Lá se vai outra estação em que mais entra que sai. Uma criança de colo me olha curiosíssima; puxa minha correntinha, agarrando o pingente. Os dedinhos o examinam até que abrem seu fecho: ali dentro, guardado, ela encontra meu pai.